quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Comunicado

Estou sem internet. Publicar qualquer coisa usando a rede da DHL é impraticàvel. Mas perguntei ao feiticeiro as varetas se teria esse problema resolvido ainda esta semana e as varetas ficaram fechadas... Bom sinal!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Deserto

Antes de seu sair daqui já fazia um tempo que não chovia. E desde que eu saí também não caiu nenhuma gota de chuva por aqui.

Acho que isso é de propósito para dar férias aos jardineiros, pois os gramados, que antes eram cuidados diariamente, agora estão completamente queimados. Até o daqui do apartamento não está mais verde.

A cidade está quase deserta. O trânsito está uma maravilha. No prédio onde eu moro, onde vivem oito famílias só tem nós e um vizinho que chegou recentemente. Tudo escuro.

Nandinho tem aproveitado suas férias para tomar muitos banhos de mar, afinal ela está no nosso quintal...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O retorno

Estou de volta ao Gabão. Mas, apesar de utilizar este espaço para escrever sobre as minha vivências por aqui, tenho que abrir um parêntese para contar sobre o meu sofrido retorno.

Dia 24/07, o dia da partida. Chegamos com mais de uma hora de antecedência para o embarque para o Rio de Janeiro. Porém, desta vez, eu não estava sozinha. Tinha comigo Nandinho e, consequentemente, suas malas. O excesso de bagagem, como na vez anterior, foi inevitável. E lá fui eu, mais uma vez, pagar no balcão da TAM. Só que agora era tudo mais simples, afinal meu primeiro destino era a cidade luz – Paris. Simples e CARO! Da vez passada, por um peso superior, paguei R$ 82,00. Desta vez foram R$ 190,00. Perguntei o motivo, afinal eu desceria no meio do caminho... A resposta: só sei que é assim! Fazer o quê?

Novamente fui a última embarcar, pois tiveram que emitir duas vezes os tíckets de bagagem. Estou começando a me acostumar com as caras feias dentro do avião para mim.

Esta era a primeira viagem de avião de Nandinho. A excitação e medo dele eram evidentes em suas mãos geladas, tensão na voz e riso descontrolado. Mas, apesar disso tudo, após a escala em Salvador, o menino dormiu como um anjinho.

Foram 6 horas de espera no Rio de Janeiro até o embarque para Paris num 747-300. Vôo lotado, mas, por sorte, a única cadeira vazia ficava exatamente do nosso lado e meu garoto paroveitos para fazer sua caminha e dormir. Por outro lado eu não... Depois de 11:30 de vôo chegamos em Paris pouco mais de 11 da manhã. Gunther e seu pai já nos aguardavam para seguirmos de carro para a Bélgica. Para mim é na estrada que você sente a diferença entre as culturas. Foram mais de duas horas de trajeto, na maior parte, a 140 km/h. Nenhum sinal de trânsito, lombada, buraco ou buzina. E durante todo ele era incrível a quantidade de trailers e também de carros com bicicletas penduradas das pessoas que buscavam um lugar diferente para passar o final de semana.

Fomos direto para Ninove para buscar a mãe de Gunther para passarmos o final de semana em Oostende – cidade que fica às margens do Mar do Norte. Quando estive lá no inverno, com a cidade apenas com os próprios habitantes e alguns poucos turistas que se aventuravam a receber a brisa do mar numa temperatura de -1°C, minha diversão era somar a idade das pessoas sentadas nas mesas dos cafés ou restaurantes. Tinha vezes que passava dos 500 anos. Mas desta vez foi diferente, pois é verão e estava realmente quente durante do dia, chegou a 36°C no sábado. Foi inevitável tomar umas cervejinhas nas mesas externas dos restaurantes.

Na Bélgica, além do verão, há outra coisa que todos esperam ansiosos neste período: uma espécie de mexilhão preto chamado “mussels”. Em todos os restaurante é só o que se vê. Cozido apenas no seu próprio suco, sal e alguns vegetais, este mexilhão é a verdadeira paixão nacional. Só não perde para a batata frita que também não poderia deixar de guarnecer o “prato”.

Foi um excelente final de semana, com direito a passeio de bicicleta, banho de mar gelado e um passeio de charrete por lugares de fazer inveja. Com a luz solar se apagando por volta das 22:00, deu para aproveitar bastante.


No domingo pela manhã seguimos para a Bastônia depois de deixamos os pais de Gunther em casa. A Bastônia fica no outro extremo do país, a mais de 300 quilômetros de Oostende, já na fronteira com Luxemburgo. E, como em todos os outros trajetos, Nandinho não parou de dormir. Deixou de ver paisagens maravilhosas.

A cidade também estava cheia de turistas. E todos os restaurantes anunciavam a temporada dos mexilhões. Depois do almoço e da visita a um museu com objetos sobre a época em que a Bastônia foi ocupada pelos alemães e depois libertada pelos americanos, fomos para Ninove, pois iríamos dormir na casa dos pais de Gunther. Voltei dirigindo os mais de 170km que separam as duas cidades, afinal íamos pegar chuva e tráfego intenso e como sou a motorista-escrava este trabalho sujo sobrou para mim. A chuva passou logo. Quanto ao trânsito... Realmente, muito difícil vc querer andar aos 160 km/h quando a maioria só anda a 120 ou 130 km/h. Entediante.

À noite fomos visitar a irmã de Gunther que mora em uma outra cidadezinha da qual nem forçando eu me lembro do nome. Estava acontecendo um churrasco. O “dia” (19:00) claro e quente pedia isso. A criançada (uns quatro garotos de 9 a 13 anos) foi jogar futebol perto no estacionamento de uma empresa próxima. Nandinho estava andando de skate do lado de fora mas os meninos queriam ver se ele tinha alguma coisa dos ídolos brasileiros deles e foi convidado para a pelada que ele aceitou meio exitante, pois não havia mais ninguém na rua além deles.

O medo da violência é algo muito difícil de se libertar. Durante todo o tempo que passamos na Europa Nandinho sempre me perguntava, principalmente quando era noite, se aquele lugar era seguro... Se não era perigoso parar no sinal verde àquela hora... Se poderíamos realmente confiar que os carros parariam na faixa de pedestres – isso foi o que ele achou mais incrível. “Eles respeitam mesmo mamãe! E nem sinal tem!”

No dia seguinte visitamos alguns pontos turísticos e aproveitamos para comprar as nossas passagens de trem para Paris foi viajaríamos no dia seguinte. Procuramos um hotel próximo da estação e de preço razoável, pois afinal passaríamos só uma noite. Quando vi o Fórmula 1 insisti para que ficássemos nele, afinal tinha uma boa experiência com esta rede em São Paulo. Só que lá a coisa é diferente... € 59 a diária, não tem elevador, o quarto é minúsculo além do que não tem ar condicionado, banheiro e nem chuveiro no quarto. Trocamos imediatamente para um ao lado (€ 20 mais caro) que, mesmo sem ar condicionado, tinha o resto.

Dia 29 às 6:37 começa a nossa viagem de trem. Primeiro tomamos um de Vivoorde para Bruxelas Norte. Depois outro de Bruxelas Norte para Paris Norte e em seguida outro para o aeroporto Charles de Gaulle. Que bom, pensei, vamos para casa agora. Só que não foi bem assim...

Logo que chegamos como nossas pesadíssimas malas (não todas pois Gunther levou algumas), vi que havia algo errado. A fila do check in estava vazia e estavam todos do lado de fora muito nervosos. Motivo: tinha começado naquele momento uma greve dos controladores de vôo de Libreville. Pediram que voltássemos lá ao meio-dia para ver se havia alguma novidade. Voltamos e a novidade que tinha é que o vôo tinha sido cancelado e que deveríamos voltar no dia seguinte às 8:00. Sem alternativa e com uma terrível gripe que tinha começado no dia anterior, procurei o primeiro hotel em conta acessível por trem a partir do aeroporto. O eleito foi o Ibis. € 85,00 a diária e também sem ar condicionado, mas servia. Quem precisa de ar condicionado com febre?

Antes das 8:00 estávamos lá. Quando perguntei ao representante da Air France se havia alguma novidade a resposta foi: No news, so good news. Não me convenci de que o fato de não ter nenhuma notícia fosse tão bom assim, principalmente quando me lembrava do que aconteceu na greve anterior, quando eu ainda estava em Libreville. Foram 4 dias de greve. Mas, mesmo assim, fizemos o check-in e fomos para a área de embarque. Depois de algumas horas aguardando as tão sonhadas “news” chegaram... E não tinham nada de boas... O aeroporto continuava fechado. Ao conversar com a representante da Air France foi me sugerido retornar para o Brasil e a um outro sofredor retornar para Hong Kong! Rimos muito desta sugestão, porém os outros passageiros estavam mostrando os dentes de ódio, e tentavam a todo o custo responsabilizar a Air France pelo problema, o que não tinha o menor sentido. Deixamos os outros lá brigando e partimos para recuperar nossas bagagens.

Na saída decidi passar na loja da Air France para providenciar minha reserva para o dia seguinte. A briga continuava por lá também, pois além do aeroporto de Libreville também estavam fechados outros eroportos da África. Quando solicitei à atendente uma nova reserva fui informada que só havia disponibilidade para o dia 05 de agosto! Só que como tenho acesso a fontes bastante confiáveis, sabia que a greve não passaria do dia seguinte e que havia um plano de um vôo extra para o dia seguinte. Lá fomos nós arrastando nossas pesadas malas novamente para o hotel.

Lá estávamos nós de volta, desta vez antes das 7:00. Agora, já sabendo que a greve havia acabado, segui direto para a loja da Air France e confirmei nossos lugares no vôo extra que sairia às 14:00, só que com escala em Doula (Camarões). Às 10:00 decidi que já era hora de fazermos o check in. Que bom que pensei nisso logo, pois quando chegamos lá a confusão já era enorme. Depois de duas horas e meia de fila conseguimos nos libertar dos quase 70 quilos que carregávamos de um lado para outro há mais de dois dias.






Só deixamos Paris às 15:30 num A340. Um vôo tranquilo mas com uma chegada nem tanto... Chegaram apenas duas das nossas três malas. Depois de muitos desentendimentos, fomos informados que o restante das malas chegariam no vôo do dia seguinte.

Na mala restante era onde estavam todas as roupas limpas de Nandinho, a exceção de um pijama que estava na outra. Então lá fomos nós no dia seguinte à noite, Nandinho trajando seu pijama, buscar a infeliz renegada. Tudo certo.

Aqui estamos nós agora.