segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Passeio na Floresta – Episódio 2 (Lost in Gabon)

O domingo amanheceu um pouco preguiçoso após o aniversário. Então decidimos agitá-lo um pouco fazendo mais um passeio na floresta.

Imag001(1)Como foi fácil na primeira que fomos, decidimos que seria bom tentar algo menos leve, então decidimos que desta vez faríamos o percurso azul – 1,6 Km / 45 min. Vamos lá! O mesmo grupo da vez anterior. Começamos nosso passeio às 11 horas. 

Quando entramos na floresta eu ainda estava com as chaves do carro na mão, mas como Gunther tinha levado uma bolsa para colocar as guias e alguns brinquedinhos para exercitar os cachorros, coloquei-as em um dos bolsos. Os primeiros 500 metros do percurso estavam bem sinalizados. Mas, daí em diante, começaram a surgir as dúvidas... Num dado momento chegamos a uma bifurcação onde não havia qualquer indicação. Como a esquerda não parecia muito “transitada”, decidimos pela direita. Aí começou a brincadeira... A partir de então não encontramos mais nenhuma placa de indicação. Mas o nosso espírito aventureiro não nos deixou fazer o que seria mais indicado – voltar. Continuamos seguindo nossos “instintos”.

Depois de quase uma hora de caminhada ouvimos vozes. “Hum, estamos no caminho certo!” Eram duas mulheres com um cachorro. Como Bouncer não é flor que se cheire em relação a outros cachorros, e pelo visto o delas também, a tensão para conter nossas duas feras não nos deu margem para lembrar de perguntar para que lado seguir, já que as duas vinham em direção contrária a nossa e não pareciam estar perdidas como nós. Mas só o fato de encontrá-las nos deu um novo alento. Só que não durou muito... Continuamos caminhando, pulando ou passando por baixo de troncos enormes arriados e fazendo piada com a nossa desgraça. Mas a essa altura, Yenna, que não é mais nenhuma jovem – ela já tem quase 12 anos – começou a cansar e Nandinho também. Já fazia quase duas horas que caminhávamos. Chegamos a encontrar um local onde os militares franceses acampam para fazer exercícios, duas pontes com placas feitas por um grupo de mountainbike, mas nada de encontrar qualquer indicação que nos levasse de volta à nossa trilha.

Por alguns instantes começamos a ouvir o som do motor de quadicículos – aqui há muita gente que faz trilhas com eles. Ficamos à espera que algum passasse por nós para nos dar uma luz. Nada. Até que num determinado momento começamos a notar marcas de pneus de carro. Como voltar já estava totalmente fora de questão, decidimos seguir estas marcas, pois para dentro da mata elas não iam, então só poderiam nos levar a alguma estrada.

Dito e feito. Encontramos a saída, após quase três horas. Neste momento passavam duas mulheres com bacias cheias de frutas. Gunther perguntou se aquela estrada – na verdade um caminho de terra batida - nos levaria para a rota deCap Esterias, onde havíamos deixado nosso carro e a resposta foi não. Nós estávamos do lado oposto da floresta, cuja melhor opção seria continuar até atingir a estrada principal para Santa Clara – a floresta fica no meio destas duas rotas. Captura de tela inteira 04042009 144156.bmp Já contávamos mais de três horas e meia de caminhada quando chegamos à estrada. Exaustos nós e principalmente Yenna. DSC05095 Descansamos por alguns minutos, bebemos água numa barraca e sentamos um pouco para esperar por alguém que pudesse nos dar uma carona. Alguns instantes depois conseguimos, com um grupo de sul africanos, dos quais dois deles haviam passado por situação semelhante na semana anterior, o nosso transporte. Subimos na caçamba da caminhonete para um percurso de meia hora de carro, numa estrada terrível.

Quando chegamos ao nosso carro pensamos, aliviados, pensamos que a nossa aventura havia acabado, mas aí fizemos uma infeliz descoberta: havíamos perdido a chave do carro. O bolso no qual eu havia colocado o chaveiro com as chaves do carro e da casa, estava furado. A solução foi ligar para o marido de uma amiga (que já sabia da nossa aventura, pois ele havia nos telefonado para nos chamar para um churrasco enquanto ainda estávamos perdidos) para e pedir que fosse nos buscar. Vinte minutos depois ele chega para nos salvar. E, depois de arrombarmos o apartamento, voltamos para pegar o carro com a outra chave, acabou nossa aventura de domingo.

No dia seguinte amanheceu chovendo. Quando liguei o limpador de para-brisas estavam lá as nossas chaves, acreditamos que alguém as encontrou na trilha e nos devolveu.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Aniversário Internacioná

No mês de novembro e dezembro, antes do Natal, fiz algumas exposições dos meus trabalhos em cerâmica plástica e, com isto, terminei por conhecer um monte de gente nova.

Em meados de janeiro, foi o aniversário de uma delas – Nèli, nascida na Costa do Marfim, casada com um militar francês – que está aqui há quase dois anos e tem me dado uma grande ajuda em muita coisa por aqui.

O aniversário dela foi em um buffet. Mas o que me faz comentar sobre isto é uma coisa que é muito comum aqui... A pluraridade de idiomas que se escuta numa reunião como esta. Dentre eles, português (eu e mais uma amiga que me apresentou a Nèli), francês (óbvio), inglês (americanos), árabe (os donos da casa), mas também havia gente das mais diversas nacionalidades falando francês, dentre eles vietnamita, marroquina, etiopiana, belga e, o mais engraçado, apenas um gabonês (o marido da Jaqueline).

À meia-noite, após uma ligação, os militares que estavam na festa tiveram que se ausentar, é que havia caído no mar, durante um treinamento em conjunto com os exército gabonês, um helicóptero com 10 ocupantes. Depois soubemos que 8 dos 10 militares haviam morrido.