domingo, 29 de junho de 2008

Cheguei

O restante da viagem foi bem tranquila. Acho que durante o tempo que passei no Gabão alguma química do meu corpo se modificou, pois todos os que sentaram do meu lado, em todos os trechos, dormiram como crianças e roncavam como porcos.

Bem, nas mais de onze horas de Paris o único problema com meu vizinho era que, todas as três vezes que precisei levantar ele fez uma cara tão feia que eu quase desistia.

De São Paulo para Recife eu nem me lembro bem... Só sei que sempre que eu virava de lado o outro estava roncando. Para falar a verdade nem sei se eu ronquei também, pois estava tão cansada...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Primeiro trecho

Cheguei em Paris. Sempre que tenho que pegar um aviao fico apreensiva com quem sera' o meu companheiro(a) de viagem. Desde a vez que peguei um onibus de Campina Grande para Recife, na epoca que trabalhava para o Banco Nacional, que tive que vir toda a viagem com uma senhora e mais cinco criancas do meu lado e uma delas resfriada, abrindo o lenco de instante em instante, quase sentando no meu colo, para ver onde ainda estava limpo, fiquei traumatizada.

Bem, desta vez eu poderia dizer que poderia ser pior. Quando cheguei meu companheiro de jornada jah estava dormindo. Dormindo mesmo! Roncando! Levou um susto danado quando toquei no ombro dele para que eu pudesse passar para meu lugarzinho na janela. E o cara estava realmente com sono, pois mau eu passei ele voltou a dormir automaticamente. Soh que desta vez virado para o meu lado de boca aberta e bufando. Passei a viagem toda encolhida no canto da janela, pois o cara era realmente bastante espacoso.

Cheguei aqui `as seis e ainda vou ter que aguardar ate' as 10:15 para pegar o voo para Sao Paulo. Pelo menos agora o terminal eh mais decente, pois o antigo era coisa de terceiro mundo. Tudo muito caro - acabei de tomar um suco com um sanduiche sem gosto e mais um cafezinho por 11 euros! Por sorte com tres euros consigo acesso a internet por meia hora. Agora vou navegar um pouquinho.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Contagem regressiva

Começou a contagem regressiva. Em algumas horas embarcarei para o Brasil para uma visita de quase um mês. Serão mais de trinta horas entre pousos, decolagens e espera em aeroportos. Vou para resolver um monte de coisas mas, principalmente, para buscar Nandinho.

Mas, como eu, um monte de gente também está partindo nestes dias. Começaram as férias escolares por aqui também. Só que aqui são mais ou menos três meses de férias. O ano escolar começa em setembro de depois desse intervalo só mais uns poucos dias nos principais feriados.

Bem, vou terminar minhas malas. Beijos para todos e até mais.

domingo, 22 de junho de 2008

Uma experiência para esquecer

O dia amanheceu nublado e com um vento muito forte soprando. Decidimos dar uma voltinha de carro com os cachorros para explorar novos caminhos. Seguimos em direção a Owendo. Mas a certa altura Gunther disse que seria melhor se virássemos à esqueda, pois se seguíssemos em frente não conseguiríamos ir muito longe. Uns 200 metros após lá estavam eles, os policiais gaboneses. É claro que eles nos pararam. Todos os documentos exibidos, incluindo meu passaporte, carte se jour de Gunther... Só que tinha algo "errado"... Aqui, como no Brasil, a licença do carro precisa ser renovada anualmente. Para isso tem que ser exibido junto ao órgão competente um documento que é quase como um green card, na verdade é o gris carte que comprova a origem e a regularidade do veículo. A partir daí é expedido um outro documento (um cartão de pvc) que diz que aquele veículo está inspecionado e com os documentos em dia. Só que desta vez, como em nenhuma outra, o guarda pediu este "gris carte", que lhe foi apresentado, mas não o original, apenas uma cópia. Aí começou o problema. Não poderíamos seguir com o veículo com esta "irregularidade", afinal a cópia não estava autenticada. Foi-lhe explicado de que o original havia sido apresentado aos responsáveis pela expedição do cartão de inspeção anual, mas não teve jeito. $ 12.000 CFA esse era o preço para liberarem o veículo. Como adotamos a prática do "não temos dinheiro", o preço caiu um pouco - $ 5.000 CFA. Para falar a verdade nós realmente não tínhamos dinheiro - pelo menos não tínhamos CFA conosco. Então o executor da lei, além do chefe e mais um, decidiram que o veículo e meus documentos seriam apreendidos. Concordamos. De pronto Gunther ligou para a DHL e pediu que o motorista viesse nos buscar. Acho que eles não acreditavam que estávamos falando sério sobre deixar o carro com eles, pois de vez em quando um deles vinha para nos explicar mais alguma coisa. Quase uma hora depois de termos sido parados, fomos avisados de que deveríamos seguir o carro da polícia até a brigada - na verdade um carro particular dirigido por uma pessoa que pelo visto não era da polícia. Assim que saímos, chegou a van da DHL, que nos seguiu. Dentro estavam o motorista e o irmão dele, que também trabalha para a polícia mas estava de folga. Depois de rodarmos um bocado, vimos a brigada, só que ao invés de pararmos, seguimos adiante. Isso começou a nos intrigar. Estávamos cada vez mais nos afastando da área urbana. Não havia mais asfalto, apenas uma estrada de barro esburacada. Depois de diversas paradas, inclusive uma para fazer mais uma vítima que seguiu conosco, chegamos ao nosso destino: uma barraca no meio do mato. Antes de recomeçarmos as negociações, o irmão do motorista da DHL nos informou que a situação havia se "complicado", que seria melhor que pagássemos os $ 5.000 CFA que eles queriam. Mas a esta altura, a nossa decisão era de realmente não pagar nada. Quando Gunther começou a conversar com eles o preço mudou para $ 50.000 CFA. Tudo bem, dissemos, pagamos com cheque, mas precisamos de um recibo da infração para o ressarcimento, afinal o veículo é da empresa. Depois de muita conversa e ingestão, por parte deles, de uma bebida que eles chamam de vinho de palma (um tipo de cachaça preparada artesanalmente), fomos liberados sem pagar nenhum tostão. Eu colocaria aqui esta situação como mais uma experiência com a polícia gabonesa. Só que esta é uma que eu realmente prefiro esquecer. Tenho vergonha por eles. Nós não perdemos nada além do nosso tempo nessa história, mas eles perderam a dignidade (se é que eles ainda tinham alguma). Voltamos para casa, fizemos nosso churrasco, bebemos um bom vinho e eles estão lá bebendo um tipo de cachaça que, se não preparada adequadamente, pode até cegar. Ou então estão na estrada novamente esperando uma nova vítima, de preferência algum estrangeiro que esteja disposto a pagar qualquer coisa para se ver livre deles. Sinto vergonha por eles. Sinto vergonha pelo povo gabonês.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Céu azul


Finalmente um dia de céu azul! Já não via isso faz tempo. Então Yenna aproveitou para pegar um bronze na grama.

Os últimos dias têm sido muito nublados mas nada de chuva, está tudo muito seco por aqui.

Lembram de quando bloqueram a roda do meu carro? Pois é... Hoje fui ao CK2 (algo como as Lojas Americanas daqui) e, enquanto estacionava, presenciei a polícia fazendo o mesmo com a roda de um carro parado na calçada. Antes mesmo deles bloquearem a roda, a proprietária do carro chegou e, apesar de um monte de "si vous plait", não teve jeito... Bloquearam a roda do carro e foram embora. O mais estranho é que eu fiquei esperando a "negociação", mas não houve. Eles simplesmente foram embora sem dar ouvidos para a mulher. Que estranho...

terça-feira, 17 de junho de 2008

Dia do papa


Neste domingo foi dia dos pais por aqui. Olhem só a homenagem que o "povo gabonês" fez ao seu grande Papa...

Uma coisa que chama a atenção aqui é a quantidade de propaganda do governo. Na verdade, propaganda do governante, Sr. Omar Bongo Ondimba - 40 anos no poder. Eleito democatricamente em 2005 com 79,21% de votos (em 1998 foram 98%), para mais um mandato de 7 anos, é considerado pelo povo gabonês como um pai. Eles usam roupas, relógios, bolsas e todo o tipo de acessórios com a foto do "papa". Pai este que eles vão ter no poder tantas vezes quantas ele quiser concorrer à eleições, uma vez que a constituição foi alterada para ele poder se candidatar indefinidamente.


"Omar Bongo, 68 anos, subiu ao poder com a morte do titular, em novembro de 1967 – e nunca mais desceu. É freqüentador das listas de suspeitos de grandes roubalheiras. Seu nome, naturalmente, sempre apareceu nas suspeitas por acidente. Num caso, o Senado dos Estados Unidos fazia uma investigação sobre lavagem de dinheiro e, ao examinar os registros do Citibank, encontrou três contas bancárias em nome do presidente do Gabão, com a garbosa movimentação de 130 milhões de dólares. Em outro, a Justiça da França apurava um escândalo que envolveu a Elf, então estatal francesa do petróleo, e descobriu que um dos diretores pagava uma propina anual a Bongo para que a empresa tivesse privilégios na exploração do produto no Gabão. A gabela totalizou quase 17 milhões de dólares. Desde 1991, a oposição gabonesa tem liberdade política, mas é tratada a gadanhadas. A Anistia Internacional informa que recentemente cinco oposicionistas passaram mais de um mês atrás das grades sob acusação de insultar Omar Bongo." (http://veja.abril.com.br/040804/p_046.html)

Em 2004 Lula veio aqui aprender com ele como ficar tanto tempo no poder e perdoar a dívida de 36 milhões de dólares. Afinal um país tão pobre...

domingo, 15 de junho de 2008

Mosquitênis


Esta semana passou sem muitas novidades. A única, e muito boa por sinal, foi o convite da esposa do embaixador do Brasil no Gabão, Sra. Márcia Guimarães, para um cafezinho na sua casa. Diga-se de passagem, o cafezinho e os bolinhos de tapioca estavam uma delícia! Conversamos bastante sobre os mais variados assuntos, mas, principalmente, sobre algumas curiosidades do país. Ela é uma senhora muito simpática e divertida. Gostei muito de conhecê-la.

Virei uma atleta! Agora estou praticando mosquitênis pela manhã e à noite todos os dias. São 30 minutos de backhand, forehand, slice... E, no final, eu deixo meus adversários mortos, eletrocutados. Vou explicar. Dias atrás encontrei no supermercado uma raquete que, quando carregada com duas pilhas, vira uma arma mortal contra mosquitos! Só preciso dar uma encostadinha para fritá-los. Estou viciada neste esporte! Acho que isso bem que poderia se transformar num esporte nacional. Já tive notícia de que até gente bastante importante por aqui o pratica.

Agora todos os dias têm amanhecido bastante nublados. Só por volta das 10 horas é que o céu fica mais claro, porém com um azul meio acinzentado. A temperatura também caiu um pouco. A brisa que vem do mar está mais fria, o que está levando os gaboneses a tirar os seus agasalhos do guarda-roupa. Mas já faz um bom tempo que não chove. Estou começando a sentir falta dos raios e trovoadas da África.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Gabonês Ixperto!

Sábado passado vi uma promoção numa loja de material esportivo e entrei para dar uma olhada. Hum! Shorts Nike de 18.000 CFA (R$ 72,00) por 5.000 CFA (R$ 20,00) muito bom! Infelizmente no tamanho que eu queria só tinha um. Mas daí tinha uma outra marca e como era bem feito e atendia ao que eu queria, comprei esse mesmo. Só que quando cheguei em casa vi que o segundo não vestia tão bem quanto o outro, apesar de ser do mesmo tamanho. Decidi trocar.
Hoje fui à loja e quando falei com a vendedora que queria trocar a mercadoria ela fez uma cara de quem estava recebendo um pedido totalmente absurdo e me pediu para falar com o "patron".
Ele entendeu meu pedido e disse que tudo bem. Só que teria que trocar por outro produto da promoção. Tudo bem!
Só que aí eu encontrei outro Nike, cuja etiqueta também tinha o preço anterior riscado e escrito à mão 5.000 CFA. Quando mostei ao "patron" ele disse que eu não poderia trocar, pois o preço anterior daquela peça era maior do que o preço anterior da que eu queria trocar. Foi uma luta faze-lo "entender" que os produtos, naquele momento, tinham o mesmo preço! Não importava o preço anterior. Então ele me fez o graaaande favor, de cara feia é claro, de trocar o short.
Só queria saber se fosse o contrário ele me devolveria algum troco. Que ixpertinho!!

Domingo

Esse foi um domingo preguiçoso, porém de muita atividade, mas só na internet. Ainda não acordei do sonho de ter uma internet funcionando em casa. Passei o dia sentada no terraço navegando, lendo notícias e mandando um bocado de porcaria para meus contatos de e-mail. Aproveitei para reativar meu Orkut (agora ele tem utilidade para mim).
Pude ver que por aí nada mudou... O Flamengo continua um grande time, os escândalos continuam, a violência também...
Por falar em violência, aqui no Gabão, como no Brasil, o porte de armas é proibido. Mas como a população não tem dinheiro para contrabandear, os criminosos aqui usam facas, tesouras, estacas e o descuido.
Tem um programa na televisão local que é algo parecido com o Cardinot daí. Eu nunca assisti porque não tenho este canal em casa, mas Linda de vez em quando me conta sobre alguns "acontecimentos" daqui. Ela sempre termina a frase com um AH! BANDIIIIIIIDO!

sábado, 7 de junho de 2008

Pescaria


Os coqueiros estão quase pelados. Tiraram todos os cocos e quase todas as folhas dos coitados. Mas o cara que está trabalhando nisso trapaceou... Sempre que vem alguém aqui retirar os cocos (se não eles podem cair em cima dos carros ou em nossas cabeças), sobe no coqueiro sem nada. Só se agarra no coqueiro e sobe. Esse que está trabalhando aqui agora faz uma escadinha de estacas de ferro para subir. Mas ele está sempre olhando para baixo procurando por Bouncer... ahahaha!
Hoje a pescaria foi boa. Depois de umas 3 horas esperando um infeliz mordeu a isca e foi fisgado. Só que ninguém teria coragem de comer um filhote de peixe. Então ele foi devolvido ao mar. Esperamos que quando ele crescer ele volte para agradecer.



Yenna e Bouncer esperando o fim da pescaria.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

BL

Desde segunda-feira tem gente trabalhando no jardim. Isso parece uma obsessão aqui. Acho que a maioria dos homens inicia sua vida profissional aqui cortando grama ou trepando em coqueiros. E, como o jardim do apartamento onde vivo também tem grama, quinzenalmente recebemos a visita desse pessoal. Além da grama, eles decidiram limpar os coqueiros também.

Só que desta vez, por culpa de Linda que decidiu pegar uns cocos junto com Bouncer, assistimos a uma cena de cinema! Eu estava na sala, com a porta de vidro que dá para a varanda fechada. Quando eu estava quase para me levantar para abrir a porta para Bouncer entrar, ele percebeu que um dos rapazes (um cara bem grandão) entrou no jardim. Não deu outra. Lá foi Bouncer chamar o rapaz para brincar com ele. Só que o pobre não entendeu que se tratava de uma brincadeira e mergulhou no meio de uma moita de plantas que têm as folhas serrilhadas. Quando fui olhar lá estava ele com as pernas para cima desesperado. Gunther correu para socorrer só que não conseguiu. Ele não parava de gargalhar. Linda também se acabando de rir e o coitado gemendo.

Bem, hoje é o aniversário de 20 anos do aeroporto de Libreville. Fomos convidados para um coquetel no Palm Beach Club.

Para começo de conversa, eu já achei estranho essa estória de aniversário de aeroporto. Mas BL é BL, não importa o motivo. Lá fomos nós. Numa beca de fazer gosto.

A primeira coisa que notei foi que todas as recepcionistas estavam vestindo roupas feitas com um tecido estampado com o símbolo dos 20 anos do aerporto. Não só elas, mas também os garçons e todo mundo que estava trabalhando no evento.

A segunda coisa foi a decoração. Tudo bem que estamos em junho e festa junina no nordeste do Brasil combina com folha de coqueiro nas colunas, mas num evento social?

Depois de rirmos um bocado com os estranhos modelos de vestidos e cabelos que desfilavam, paramos para escutar o discurso que foi seguido por um vídeo sobre o início do aeroporto. Eu, particularmente, se tivesse filho ainda pequeno pediria um cópia para fazê-lo dormir rapidinho toda noite.

Vamos aos comes e bebes. Até que tinha umas coisinhas gostosas e o champagne francês também não estava ruim (eheh). Mas o melhor da noite para mim foi a apresentação de Anne Flore. Eu já tinha ouvido uma das suas músicas neste link http://www.dailymotion.com/video/x22s12_annieflore-je-tinvite, mas ao vivo foi muito emocionante. Comecei a lembrar de todos os momentos em que ouvi esta música ainda aí no Brasil e, apesar da música convidar a conhecer o Gabão, foi do Brasil que me lembrei nesta hora. Eu realmente me emocionei.

Depois disso um espetáculo de dança africana. Foi um grande evento.

terça-feira, 3 de junho de 2008

INTERNET!!!!

FINALMENTE!!!! INTERNET!!! Acho que não consigo escrever mais nada de tanta emoção.

Como é bom estar de volta. E, ao contrário do que eu imaginava, a velocidade é muito boa. Estou nas nuvens!