Às 6:00 de hoje os controladores de vôo decidiram entrar em greve.“Quem está fora não entra, quem está dentro não sai.” A excessão do presidente, que viajou logo depois do início da greve.
Tive uma nova experiência com a polícia gabonesa.Minha infração?Até aquele momento, nenhuma. Quando eles me pararam aí sim, pois interropi todo o tráfego. Eu estava com Linda (a minha Ivanise e intérprete) do meu lado.Novamente, todos os documentos apresentados, só que desta vez o senhor guarda queria um tal de cartão SGS.Expliquei que todos os documentos que tinha eram aqueles, mas não teve jeito.Ele insistia no tal SGS.Liguei para a DHL e Janette, diretora administrativa, também não sabia que diabos de cartão era esse.Nisso, vem um outro guarda e pergunta qual tinha sido a minha infração.Quando ele ouviu o outro falando no tal SGS, disse para que me deixasse ir embora.Só que ele continuou insistindo no assunto e dizendo que sem este cartão eu teria que pagar 25.000CFA para ele ou 125.000CFA (R$ 500,00) se fosse para a delegacia.Então eu disse, vamos para a delegacia!Não tenho dinheiro nenhum aqui.Vou ter que chamar o pessoal da DHL para pagar.Excelente estratégia.Fui liberada.
Agora aprendi. Estarei lisa para sempre para esses caras.
Mais uma experiência com a polícia gabonesa...Quando saíamos de uma loja, os policiais haviam parado o trânsito no cruzamento.Como eu já estava com o carro todo virado para a direita, nem me liguei de colocar a seta.Bem, isso foi o suficiente para que me parassem, pedissem os documentos e, como não poderia deixar de ser, dinheiro.
Só que para a infelicidade deles,somando o dinheiro que eu tinha na minha carteira, com o de Gunther, nós não tínhamos mais do que 6.000CFA (R$ 22,00).Uma infração “tão grave” como esta, não sai por menos de 25.000CFA.Conversa vai, conversa vem, não pagamos nada.
É impressionante isso por aqui. O ideal é nunca encarar um policial, pois certamente ele vai encontrar algum motivo para pedir dinheiro.
Encontraram a caminhonete da DHL. Estava com dois caras em um bairro distante. Acho que os africanos ainda são um tanto inocentes na arte do roubo, pois ele se deram o trabalho de tirar apenas o adesivo das portas. Só que a poeira do barro da estrada foi atraída pelo resíduo de cola dos adesivos, o que fez com que eles fossem parados pela polícia e presos.
Essa o feiticeiro acertou. Resta saber agora se o motorista está realmente envolvido.
O resto da semana passada e o início dessa transcorreu sem novidades.
Hoje Guntherme levou para a minha aula de francês mas decidi voltar a pé.Foram 45 minutos de caminhada a passos meio-ligeiros sem parada.Acho que estou precisando mais disso, já que minha bike ainda não deixou o Brasil.
Quando cheguei em casa Gunther me liga perguntando se eu queria assistir a um feiticeiro contratado pela DHL para desconbrir o culpado pelo desaparecimento da pick-up.É claro que aceitei.Eles já tinham feito isso dias atrás, só que sem a presença dos funcionários.Desta vez foram convocados todos osfuncionários que estavam no turno, além de um representante da polícia do aeroporto.
Fomos em caravana para a casa do feiticeiro.Chegando lá um monte de gente também aguardava “atendimento”, mas tivemos o privilégio de sermos atendidos antes dos outros.Primeiro foi feita uma chamada com uma lista de todos os funcionários do operacional.Ao final, decidiram colocar o nome de Gunther também na lista, mas apenas para confirmação.
Feito isso, o feiticeiro pediu o dinheiro adiantado, colocou embaixo da pele de um bicho (não faço idéia de que bicho se tratava) que estava em cima de um tapete na frente dele.
Chamado o nome do primeiro funcionário, foi dito que este estava ausente.Então ele teve que usar os serviços de um menininho de uns 6 anos no máximo.O menino foi para a frente dele, abriu os braços, e o feiticeiroo abraçou por trás com um molho de varetas em cada mão.Depois de perguntar se aquela pessoa cujo nome foi citado era culpada ou não, o menino tinha que correr para tentar se livrar das varetas.Se as varetas abrissem e ele conseguisse correr, é porque ele não era culpado.Mas se estas permanecessem entrelaçadas, é porque ele era culpado.Neste caso, as varetas abriram.
E assim foi, um a um, às vezes o próprio, quando ausente, lá ia o menininho.Tadinho, deve estar se recuperando até agora de tanto esforço.
Então chegou a vez do motorista que havia ido para a prisão: as varetas não abriram.Duas tentativas e nada.Ele ficou meio alterado...Mais alguns e chegou a vez de Gunther.Quando perguntado se seria ele o culpado, as varetas abriram (ufa!).Só que o feiticeiro pediu para que fosse citado o nome do motorista, cujas varetas ficaram fechadas para que Gunther fizesse a confimação.Desta vez quase que o feiticeiro cai, pois Gunther correu rápido demais e as varetas, mais uma vez, não abriram.
Depois disso, uma das funcionárias da limpeza que também estava presente, começou a acusar o motorista, pois, para eles, isso é mais do que suficiente como prova da sua culpa.Ela pediu então ao senhor que fizesse a pergunta se o carro ainda estava em Libreville.A resposta das varetas foi sim.Depois pediu para saber se o carro estava guardado em algum lugar, mais uma vez sim.
Para a equipe européia da DHL, isso não é prova suficiente. Mas para o lado africano sim. Agora os mesmos colegas que foram pedir a Gunther que tentasse tirar o colega da prisão, desta vez querem vê-lo longe. Eles realmente acreditam na resposta das varetas.
Na noite passada roubaram uma das caminhotes da DHL.Logo cedo Gunther recebeu uma ligação informando sobre o caso.A polícia interrogou o pessoal que trabalhou na noite do roubo e terminou por colocar o motorista na cadeia por três dias, pois ele foi contraditório no depoimento.
Dá para imaginar como é a cela de uma prisão por aqui?