terça-feira, 20 de maio de 2008

O feiticeiro

O resto da semana passada e o início dessa transcorreu sem novidades.

Hoje Gunther me levou para a minha aula de francês mas decidi voltar a pé. Foram 45 minutos de caminhada a passos meio-ligeiros sem parada. Acho que estou precisando mais disso, já que minha bike ainda não deixou o Brasil.

Quando cheguei em casa Gunther me liga perguntando se eu queria assistir a um feiticeiro contratado pela DHL para desconbrir o culpado pelo desaparecimento da pick-up. É claro que aceitei. Eles já tinham feito isso dias atrás, só que sem a presença dos funcionários. Desta vez foram convocados todos os funcionários que estavam no turno, além de um representante da polícia do aeroporto.

Fomos em caravana para a casa do feiticeiro. Chegando lá um monte de gente também aguardava “atendimento”, mas tivemos o privilégio de sermos atendidos antes dos outros. Primeiro foi feita uma chamada com uma lista de todos os funcionários do operacional. Ao final, decidiram colocar o nome de Gunther também na lista, mas apenas para confirmação.

Feito isso, o feiticeiro pediu o dinheiro adiantado, colocou embaixo da pele de um bicho (não faço idéia de que bicho se tratava) que estava em cima de um tapete na frente dele.

Chamado o nome do primeiro funcionário, foi dito que este estava ausente. Então ele teve que usar os serviços de um menininho de uns 6 anos no máximo. O menino foi para a frente dele, abriu os braços, e o feiticeiro o abraçou por trás com um molho de varetas em cada mão. Depois de perguntar se aquela pessoa cujo nome foi citado era culpada ou não, o menino tinha que correr para tentar se livrar das varetas. Se as varetas abrissem e ele conseguisse correr, é porque ele não era culpado. Mas se estas permanecessem entrelaçadas, é porque ele era culpado. Neste caso, as varetas abriram.

E assim foi, um a um, às vezes o próprio, quando ausente, lá ia o menininho. Tadinho, deve estar se recuperando até agora de tanto esforço.

Então chegou a vez do motorista que havia ido para a prisão: as varetas não abriram. Duas tentativas e nada. Ele ficou meio alterado... Mais alguns e chegou a vez de Gunther. Quando perguntado se seria ele o culpado, as varetas abriram (ufa!). Só que o feiticeiro pediu para que fosse citado o nome do motorista, cujas varetas ficaram fechadas para que Gunther fizesse a confimação. Desta vez quase que o feiticeiro cai, pois Gunther correu rápido demais e as varetas, mais uma vez, não abriram.

Depois disso, uma das funcionárias da limpeza que também estava presente, começou a acusar o motorista, pois, para eles, isso é mais do que suficiente como prova da sua culpa. Ela pediu então ao senhor que fizesse a pergunta se o carro ainda estava em Libreville. A resposta das varetas foi sim. Depois pediu para saber se o carro estava guardado em algum lugar, mais uma vez sim.

Para a equipe européia da DHL, isso não é prova suficiente. Mas para o lado africano sim. Agora os mesmos colegas que foram pedir a Gunther que tentasse tirar o colega da prisão, desta vez querem vê-lo longe. Eles realmente acreditam na resposta das varetas.

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