Aqui em Libreville acontece algo muito esquisito: as ruas não têm nome. Só as avenidas principais. Se você quer indicar sua casa para alguém, torça para que perto tenha alguma coisa que sirva de referência. Mas pode esquecer de pedir uma pizza ou comida chinesa em domicílio.
Para conseguirmos chegar ao local da cerimônia, tivemos que contar com o conhecimento de Guy (que também é da DHL) pois sem ele simplesmente não saberíamos para onde ir.
Após um verdadeiro rally, ruas esburacadas e cheias de lama, chegamos ao local da cerimônia. (Ainda bem que não estava chovendo.) Tudo aconteceu na casa onde os noivos já moram. Fomos muito bem recebidos por todos com direito a drink e tudo mais.
Mas é do lado de fora que acontece todo o babado. Bem, por falar em babado... Dá para imaginar um evento onde quase todos os convidados usam roupas feitas com apenas 3 estampas diferentes? Pois é. Isso é parte da tradição. Cada família elege uma estampa para identificá-la. E, caso um membro da família tenha laços com a outra, ele usa os dois tecidos. Vi diversos casos assim. Cada lado da camisa feito com uma estampa.
Bem, voltemos à festa. Como em qualquer cerimônia de casamento, não podem faltar os pájens. Um monte de crianças vestidas iguais, saem dançando de dentro da casa para a rua, onde esperam centenas de pessoas. Toda a cerimônia e músicas são em bantu (língua nativa). Logo em seguida vem a noiva. Também dançando, vestida, a princípio com a estampa que representa a sua família.
Depois de dizer que aceita casar com o mancebo e de receber um monte de dinheiro, ela entra em casa para trocar de roupa sob uma intensa gritaria de todos os presentes.
Após uma longa espera, ela reaparece vestida com a estampa da família dele e até o cabelo estava completamente diferente. Aí acontece o mais interessante...
Desde o início da cerimônia eu tinha notado uma montanha de caixas de tudo quanto é tipo de bebida bem no meio da tendo onde aconteceu a cerimônia. Depois de alguns rituais, membros da família do noivo começam a carregar para dentro da casa todas as bebidas. Trata-se de um presente ou dote ( não entendi direito) que uma família tem que dar para a outra. Não consigo dizer quanto de refrigerante, wisky, água tônica entrou naquela casa, além disso sacos com farinha, peixes enormes, carne, toalhas de mesa e de prato – fiquei brincando que se por acaso alguma coisa acontecesse com ela na DHL, ela pelo menos poderia montar um bar.
Quando eu pensei que já havia terminado e que já poderíamos entrar para comer, pois eu já estava morrendo de fome, começa a sair de dentro da casa uma quantidade enorme de cachos de banana, bodes, galinhas, porcos e um monte de outras coisas que nunca vi na minha vida. Colocaram tudo na frente dos noivos. Mas teve um porquinho que não gostou muito da idéia e saiu correndo, o que causou uma gritaria danada até que ele fosse capturado.
Depois me explicaram que toda esta comida que saiu e também parte do que entrou, seria distribuida para os membros das duas famílias.
E tome cantoria ! E tomo gritaria!
Finalmente à meia-noite, após cerca de 5 horas de cerimônia (só a parte que eu assisti, pois isso começou no meio da tarde), fomos para o jantar. Nem todos tiveram acesso ao interior da casa, apenas os familiares dele , uns poucos dela, alguns ministros (a família do noivo é de políticos), nós e mais alguns da DHL.
Um derramamento de vinho e champagne francês, wisky , cerveja e o que mais se tivesse vontade de beber. Jantar com entrada, prato principal e sobremesa. Confesso que os sabores não me atraíram muito, a não ser pela quirche que estava realmente muito boa, mas do resto eu não gostei muito. Mas por falta de comida nem os que entraram nem os que ficaram de fora, morreram de fome.
E tome cantoria!!! Mas desta vez era um cantor que entoava melodias africanas em sua língua nativa. Quando ele entrou na sala onde estávamos, os convidados começaram a encher os bolsos dele de dinheiro.
E do lado de fora a festa rolava solta! Todo mundo dançando, comendo, bebendo... Foi realmente uma festa com bastante fartura. Um tanto difícil de entender para quem não conhece a tradição, mas muito interessante. Saímos de lá por volta das 2 da manhã e deixamos todos lá ainda se divertindo.
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